Criada em 2004, a Fórmula SAE BRASIL — que acontece anualmente em Piracicaba, interior de São Paulo — —, na categoria Carros Elétricos, está a caminho da sua 19ª edição com estudantes de engenharia de diferentes estados, dando direito as equipes melhores classificadas, a representarem o Brasil em duas competições internacionais realizadas nos EUA. Disputas como essas no nosso país, demonstram que os veículos movidos por motores elétricos já é uma realidade nacional, e a tendência é que essa tecnologia se desenvolva e cresça nos próximos anos, contribuindo com a mobilidade e até mesmo com alguns aspectos da sustentabilidade.

Mas, para que novas inovações surjam, é necessário o investimento em mão de obra especializada que colabore com essa evolução. “Nas universidades estão os talentos que construirão as inovações do futuro. Por isso, somos parceiros do Ampera Racing, equipe da UFSC -- Universidade Federal de Santa Catarina, que desenvolve e fabrica um veículo tipo Fórmula SAE, desde 2019. Este apoio está relacionado com o negócio da nossa companhia, que trabalha com motores de mobilidade elétrica para carros de pequeno porte, como os de golfe, veículos off-road e rebocadores, além de motores para inúmeros tipos de equipamentos”, explica Drauzio Menezes, diretor da Hercules Motores Elétricos.

Fundada em 2012, a Ampera Racing cria projetos a cada competição e já se firmou como uma das melhores equipes do Brasil, tendo participado também de competições internacionais, tanto na categoria Elétrica, como também na categoria Autônoma, que ainda não existe no Brasil. Os pilotos são escolhidos dentre os membros da equipe e passam por vários testes em simulador para extrair o melhor resultado. Em 2023, o equipe já participou do Floripa E-Summit, e no final de abril, realizará o lançamento do AMP-223, que competirá na 19ª FSAE Brasil, entre os dias 2 e 6 de agosto, e em setembro/outubro faremos o lançamento do ERA-223, o segundo protótipo 100% autônomo da equipe.

Segundo Gabriel Jacinto, presidente da equipe, em 2019, antes da pandemia, eles alcançaram a quarta colocação; já em 2021 participaram de uma competição remota na qual ficaram com a quinta posição; e em 2022, conquistaram o quarto lugar geral. “No ano passado, obtivemos resultados únicos em pista, ficando em segundo lugar na prova do Autocross e em terceiro no Enduro, dois pódios que nunca havíamos conquistado antes. Uma das maiores dificuldades dentro da categoria Elétrica, no Brasil, é a confiabilidade dos protótipos. Apesar de serem mais de 20 competidores na categoria, normalmente apenas ¾ costumam conseguir completar, pelo menos, uma prova, e a Ampera ao longo da maior parte dos anos não conseguia se enquadrar nesse pequeno grupo. Contudo, desde 2019 — início da nossa parceria com a Hercules e penúltima competição presencial — conseguimos realizar isso duas vezes seguidas, o que representou um marco histórico para a equipe, por ter sido realizado pela primeira vez em 10 anos de existência. Essa confiabilidade no protótipo possibilitou a criação de projetos cada vez mais avançados e próximos do mercado de veículos, potencializando o desenvolvimento dos nossos membros que, quando saem da faculdade, tornam-se empreendedores ou ocupam posições importantes em empresas do segmento de mobilidade”, explica.

Atualmente, o motor utilizado no veículo de competição é o de indução trifásico, mais potente da competição, com 50 KW de potência, o que equivale a cerca de 70 cavalos. “Isso só é possível devido a nossa parceria com a Hercules que, além dos motores nos dar a liberdade de otimizar o seu dimensionamento, alterando parâmetros, nos permitem obter a melhor relação peso/potência e a melhor relação entre aceleração e velocidade máxima. Tal tecnologia nos proporciona um desempenho superior em provas que avaliam a performance do carro em pista, além de nos garantir mais pontos em provas que avaliam o projeto de engenharia em si. Além disso, a empresa também nos oferece suporte técnico e inversores, que nos permitem tirar o máximo proveito dos motores, elevando o nível do nosso controle sobre eles — o que otimiza o comportamento do carro em operação”, detalha Gabriel.